Banff é uma cidadezinha ao norte do Canadá, distante quase quatro horas de voo de Toronto. Situada no meio das Montanhas Rochosas, é um lugar mágico, eu diria. Um lugar que despertou o resgate da minha essência.
No final do outono de 2021, a 2.451 metros de altitude e a -11ºC, sozinho, no topo do imponente Monte Sulphur, tive um encontro mais que especial comigo mesmo! Talvez o mais belo da minha vida.
No silêncio do cair da neve daquela tarde, me permiti sentir a força da natureza, em especial a energia dos minerais das montanhas canadenses.
É difícil descrever. Sem que eu pedisse, sem que eu planejasse, uma onda de energia calma e pulsante invadiu meu corpo naquele momento.
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A cada passo no topo do Sulphur, observava atentamente a natureza exuberante ao meu redor. A cidadezinha minúscula lá embaixo me lembrou os primeiros anos de vida no interior do Paraná.
Os resistentes musgos, tentando sobreviver sobre a rocha congelada, trouxeram à memória meu desejo de vencer na vida. Sem que eu percebesse, aquele entorno fez eclodir as vozes do Edu da infância.
O vento assoprava em meus ouvidos as palavras das longas conversas que tive com meu pai. Reviva nossas pescarias aos sábados à tarde e sentia a emoção de quando ele voltava das suas caçadas às codornas. Pobres codornas, digo hoje!
Ao mesmo tempo, relembrava o quanto as lições de vida da minha mãe me encorajaram. Aprendi a sonhar e a lutar pelos meus sonhos com seus ensinamentos. Quanto suas falas me incentivaram!
Senti o peso nos meus braços ao recordar o nascimento dos meus irmãos e sobrinho quando os segurei pela primeira vez. E o mesmo peso de brincar de ser pai, construção típica das mentes de primogênitos.
Naquelas longas horas em que o vento congelante rasgava meu rosto, as já esquecidas memórias da infância afloravam em minha mente com facilidade surpreendente. Foi possível me reconectar comigo mesmo; me reconectar com o que entendo ter de mais belo dentro de mim e que posso proporcionar aos outros sem medo, esquivas ou resistências.
Somente eu e a energia do Sulphur naquela quietude ensurdecedora, em um inesperado e belo encontro comigo mesmo, que se revelou uma transformadora experiência.
Hoje, um ano depois, sinto o quanto aquele silêncio opressor foi uma grande oportunidade para me ouvir, para colocar palavras e dar significado aos meus sentimentos e desejos. Uma experiência profunda e transformadora que me permitiu ter o privilégio de olhar para a vida sob outra perspectiva.
É difícil descrever, mas impossível de esquecer. Obrigado, Sulphur, por essa experiência única. Se há um ensinamento que tudo isso me trouxe é: reserve um momento para fazer um sabático. Viaje sozinho e invista no conhecimento de si mesmo.
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